Porque os caminhos se alteram

sábado, 16 de julho de 2011

O homem do século XXI


Créditos da imagem: i.dont.give.a.fuck


Chego em casa exausto... Outro dia de trabalho, estudo e academia na madrugada... Agora só restam 5 horas para meu sono, e é bom digitar isso tudo muito rápido porque senão esse número irá cair para 4.

Me alimento inadequadamente, comendo todo tipo de alimento – não me incomodo com os adjetivos "artificial" e "modificado", tampouco com as palavras "glúten", "emulsificante" ou "UHT": Quero as coisas que durem na geladeira, que posso preparar rápido, comer sem pensar e não quero limpar nada. Jogo tudo ali no lixo mais próximo, onde as coisas ficam misturadas, afinal, na natureza não se encontra nada separado não é mesmo?

Como não consegui comprar aquelas lixeiras coloridas para reciclagem, tentei levar parte do lixo segregado para o meu trabalho, dentro do porta malas do carro. Logo no primeiro dia, umas 3 pessoas me perguntaram por que eu andava com todo aquele lixo no carro, e no mesmo instante abandonei a idéia. Atualmente só levo as pilhas pois cabem no bolso e ninguém vê quando eu jogo naquela discreta lixeirinha laranja.


Em meu emprego sou mais um dos inertes. Simplesmente trabalho, pois desde pequeno aprendi que “o trabalho dignifica o homem”. Essa semana poupei uma quantia apreciável para o chefe e me disseram que, se eu continuar assim, daqui alguns anos possivelmente serei chefe também. Em um processo seletivo em outra grande empresa... na entrevista final fui indagado: “Onde você quer estar daqui a 5 anos?”, e eu, singelo, falei sobre o meu sonho de fazer um mestrado e lecionar. Perdi a vaga, evidentemente...

Em minha última entrevista respondi a mesma pergunta dizendo: -"Em 5 anos eu gostaria de ser o diretor da empresa". (bom, pelo jeito deu certo).

Às vezes me chamam pra um bate papo sobre política ou religião. Ouço a todos com atenção, mas dificilmente abro mão do meu ponto de vista. Mesmo respeitando as opiniões e a sabedoria de muitos, sei que a maioria deles é tão mal informada quanto eu...

Gosto muito da universidade, mas já estou formado em outra coisa que vai me sustentar durante a vida. Vou largar e trabalhar bastante, quem sabe eu não viro chefe mais rápido (aqueles 5 anos já se foram agora).

Estou quase desistindo da academia de madrugada. Acho que eu mereço mais descanso. Bom, na verdade nunca foi pela saúde. Mas e a estética como fica? Barriga não vai bem com social nem com jeans.

Nunca tive grandes amigos. Vejo pouco meus pais, menos ainda do que via meus avós quando eram vivos. Não me sinto mal por causa disso, tenho problemas demais, não posso ficar me preocupando com essas coisas. Quando dá saudade basta mandar um e-mail.

Quando estou meio deprimido, faço compras. Comprei um CD péssimo esses dias, mas bastou dizer que era exótico e todos aprenderam a gostar. Comprei também um tênis supermoderno, o mais caro da loja, mas a verdade é que eu só uso sapatos. Quando não sobra dinheiro basta relatar o desejo de comprar um segundo notebook ou outro qualquer dispositivo com a tela "glossy" que todos e demonstram compreensão e me incentivam. Assim vou adiante, sorte minha azar o seu.


Esse sou eu, o homem do século XXI. Moderno e arrojado. O destemido, o vencedor. Imune a qualquer síndrome do pânico ou gripe suína. Que venham as pandemias e armas biológicas, meu legado restará intacto.

3 comentários:

  1. Sempre exageramos nos marcadores. e.g: Síndrome do pânico. (?)

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  2. "Death seed blind man's greed
    Poets' starving children bleed
    Nothing he's got he really needs
    Twenty first century schizoid man".

    (King Crimson)

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  3. Audição recomendada:

    http://www.youtube.com/watch?v=zBfCzhYbWBk

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